Análise
Texto do livro “Melhor do conto
brasileiro”, “A casa do morro branco” é um texto curto e ficcional. A narrativa
gira em torno da história de diversas gerações de uma família com diversos
problemas. Acredita-se que o lugar onde eles viveram é assombrado e esconderijo
de uma enorme herança da linhagem, sendo o precursor de todos os males. O conto é subdividido em três trechos: “O avô”, que foca em seu Chico Aruéte, o
patriarca; “O filho”, que narra os feitos do primogênito José Spartacus; e, por
últlimo, “O neto”, que conta a história de Chiquinho, o último integrante da
descendência.
Como uma montanha-russa, o conto
possui vários momentos de tensão e calmaria. Entretanto, a cereja do bolo foi
cuidadosamente colocada no final do texto. Durante todo o processo narrativo, é
visível que há um conflito envolvendo uma suposta herança guardada e a ganância
de muitos. Ocorrem suspeitas de crimes envolvendo interesse no montante,
acusações, até chegar a um assassinato comprovado. O que não fica claro, porém,
é se a herança, supostamente escondida, foi encontrada ou não por um grupo de
criminosos. Fato que trás um ar de mistério a conclusão do clímax.
Como o próprio título já diz,
toda a sequência de fatos se passa em um morro branco. O lugar é levemente mais
alto que as redondezas e possui um caminho de calcário rasgado que nos leva a
crer que há neve em sua superfície, quando visto a certa distância. O morro
está situado em uma pequena vila, e a casa da família, no morro.
Cronologicamente falando, a narrativa foge um pouco da regra. Por se tratar de
toda uma árvore genealógica de uma família, o tempo não é reduzido, como de
costume.
Em relação a narração dos fatos,
não há outra possibilidade se não a em terceira pessoa, já que a azarada
família foi completamente extinta. Por se tratar de um fato que aconteceu há
muito tempo, a narrativa apresenta verbos no passado e utiliza-se uma linguagem
coloquial, devido a informalidade que a escritora Rachel de Queiroz propôs a
obra.
Além disso, existe um foco
na descrisção dos fatos em deprimento da
caracterização tanto física, como psicológica. Em trechos curtos, Chico é
caracterizado como um pedreiro-livre, fugitivo, com dinheiro guardado, culto, sem
partidos políticos e contra a existência de escravos. Seu filho, conhecido como
Pataco, era desinteressado pela leitura e flauta, trabalhador e crente nos
boatos de demonismo do pai. O último remanescente, Chiquinho - que possuía o
mesmo nome do avô – era completamente antissocial, solteiro e desqualificado,
já que não sabia nem sequer ferra o nome.
Em síntese, o texto narra a
história de uma família e seus problemas envolvendo, majoritariamente, uma
“assombração” e a ganância de muitos na herança. Existem diversos trechos
citando a violência, inveja, política, direitos e o respeito. Críticas sociais,
pois, são feitas nessas e outras diversas passagens do conto “A casa do Morro
Branco” da escritora Rachel de Queiroz.
Novas Gerações
Era uma manhã de sábado, em que os pássaros cantavam
melancolicamente, no ano de 1901, quando Maria resolveu subir no porão para
procurar alguns brinquedos, onde ela achou uma caixa roxa. Curiosa ela a abriu.
Dentro dessa caixa havia um pequeno jornal da época de 1825. Percebeu que nesse
jornal havia um retrato semelhante a de um homem que estava em uma foto da cabeceira
da cama de sua mãe. Como Maria não se conteve de tanta curiosidade, perguntou a
sua mãe quem era aquele homem. Anna, sua mãe, com uma cara de sofrimento,
resolveu contar-lhe que o sujeito naquela foto era amigo muito próximo – um
irmão se não fosse pelo sangue - de seu tataravô , que, injustamente, fora
assassinado. Despertava-se a curiosidade de uma garotinha e sua mãe não encontrou
outra saída se não contar a historia. Então sentou-se com sua filha e começou o
relato:
“
Era uma manhã de sábado onde seu tataravô corria da
Confederação de Salvador, em Pernambuco, onde ele era caçado como um bandido. Como
nunca conheceram seu verdadeiro nome, ele se autodenominava Chico de Aruéte. Sabia-se
que ele era um pedreiro e que economizava dinheiro. Logo comprou uma casa em um
morro, mas não se passou muito tempo e começaram fofocas de que ele tinha
um ‘’rolo’’ com o diabo. O porquê
ninguém soube explicar, mas corriam boatos que ele não ‘’tirava o chapéu’’
quando passava de frente para a igreja, como era um povo muito religioso não
gostaram nada disso. ‘’Seu Chico’’ logo arranjou uma mulher para se casar e mudou-se
para uma casa, que ficava em um morro, e então pediu para seu ajidante, um
moleque, que lhe trouxesse alguns objetos. Dentre esses objetos, havia uma
flauta na qual o pedreiro tocava, toda
noite antes de dormir, várias musicas deprimentes. A vila, então, pensava que
aquela flauta era coisa do “Cão”. Não bastasse seu instrumento musical, Aruéte
matava galinhas toda sexta-feira , e, com isso, os boatos eram de que ele
mandava sangrar carneiros toda véspera de Sábado.
“Seu Chico’’ tentou 5 vezes ter filhos, e apenas um menino
sobreviveu. Esse garoto, seu bisavô, ganhou um nome de José Spartacus e achavam
que seu sobrenome era coisa do ‘’Satanás’’. Logo seu apelido foi “Pataco”, que,
assim como todos da vila, tinha medo de seu pai, no qual toda noite se benzia
para tentar afastar o “Satanás”. Um certo dia, a mãe de Pataco entra no quarto
de seu marido e o encontra morto, deitado na cama, com sua flauta na mão e
ainda de chinelos. Logo após sua morte, todo o gado da fazenda começou a morrer
misteriosamente. Pataco, então, teve a ideia de criar um moinho, onde moía suas
plantações e a de seus vizinhos. Com isso ele tirava algum dinheiro para
sustentá-lo e a sua mãe. Pataco casou-se 3 vezes, no primeiro casamento sua
mulher morreu no parto e, em seguida, foi enterrada no morro junto com seu pai.
No segundo, Pataco teve 3 filhos, onde 2 eram mulheres e 1 era homem. Sua
primeira filha não se casou e morava com Pataco, a segunda casou-se com um
fazendeiro e foi morar com ele, já o terceiro chamava-se Francisco Maria, como
o avô, e morava também com o pai. Uma dor repentina matou sua segunda mulher. Já
a terceira foi um namoro mal sucedido, onde a mulher voltou correndo para o
pai, que a mandou de volta para o morro não aceitando-a de volta a sua casa.
Pataco então morreu com um tiro na cabeça, de madrugada, voltando para casa,
onde ninguém soube quem foi realmente o assassino. Chiquinho, filho de Pataco,
não se casou. Era reservado, saia apenas para vender milho, mandioca e feijão,
graças ao moinho. Logo as duas mulheres que viviam com Chiquinho morreram e,
então, ele ficou só. Rapidamente espalhou-se um boato insinuando que, no morro,
“Seu Chico” havia deixado várias moedas de ouro em um baú. Nesse mesmo período,
um grupo de ladrões surgiu na cidade. Eles ficaram sabendo a respeito dos
comentários citando que no morro havia ouro. Três dias depois, encontraram
Chiquinho morto em um lago. Todos os túmulos estavam revirados e a casa do
morro revirada. Dizem que os ladrões nunca encontraram o tesouro, e se
encontraram, ninguém soube seu paradeiro.
”
Anna terminou a história muito triste, mal conseguia falar.
Maria então deu-lhe um abraço e a chamou para brincar de boneca. A mãe fechou o
baú, guardou-o no porão e foi para a sala brincar com sua filha.
Grupo:
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